domingo, 1 de dezembro de 2013

Poema CHAMA de Vieira Vivo no jornal Letras Santiaguenses

Edição 113 - Setembro/Outubro - 2014

Vieira Vivo no Jornal O Capital

Poema SEGREDO na edição 244 de 2014 do Jornal O Capital

DÁDIVA DIVINA - Vieira Vivo - poema



Dádiva divina


A expansão do belo
é gerada a partir
de minúsculos eventos

Um leve roçar de lábios
em certa madrugada envolvente
incendiou ad-infinitum

todo o firmamento
*****

L'épanouissement de la beauté
Est le fruit
De minuscules événements

Un léger attouchement des lèvres

Lors de quelque étreinte
Peut enflammer à l'infini
Tout le firmament


traduzido do inglês por René Varennes editor da revista La Fôret Milles Poéts.
Publicado na edição 64 nov/dez 2012



traduzido do inglês para o grego por Denis Koulentianos

Concepção - Vieira Vivo - poema


Um jato de luz peludo pousou
gemicando
sobre as dobraduras da  noite

E se desfez em lamúrias
salpicando de claridade
as arestas de granito
e o ébano cego das rochas

Farpas de luminescências
ainda porejaram 
sobre as gargantas dos abismos
procurando no âmago das pedras
um casulo de pétreas trompas

E o silêncio injetou reticências
sobre o berço milenar dos musgos
concebendo na noite eterna
um opaco manto de éter
a dissimular as dimensões das órbitas
na fisionomia do infinito profundo.

Rogativa do caos - Vieira Vivo - poema

                          
Espero que a lápide já tenha perdido a lâmina
para que a caverna inteira se torne sal
e podermos enfim tomar a noite, tomar os arcos
e o tempo que nos consome todo o tempo.

Espero que a crina ostente escamas de insetos
para que a chama se liquefaça de novo
para podermos enfim beber o verbo, os símbolos
e a rota vital que traça o rumo de cada rota.

Espero que a espada se faça gorjeios de lata
para que a face receba o estigma da sombra
para podermos enfim tragar a névoa
e recebermos a marca que marca todos os escribas.

Delírio do som - Vieira Vivo - poema



Em meio a um alarido
de múltiplas vozes
irrompeu um rugido gutural

Qual uma bocarra de fogo
expandiu seu trovejar rascante
sobre a escuridão espessa

E aí o ar movimentou-se
em uma dança espiralada
contínua e infinita
ondulando a atmosfera
em minha direção

Apoiei-me aos joelhos
pressentindo o impacto
e, então,
o rugido chegou a mim

Incorporando-me ao eco.

Levante Utópico - Vieira Vivo - poema

Frases desconcertantes rodopiaram
sobre a cabeça dos incautos
e a ironia transbordou nos ares
atingindo a cabeceira dos circunspectos

Intensa zombaria chafurdou aos saltos
sobre a consciência lacrimejante
dos anacoretas

E em meio à boquiabertos semblantes
um refrão emergiu igual a um lamaçal
nos dilúvios da periferia

Então um proscrito esgar libertário
trouxe um uivo ameaçador
regurgitado ombro a ombro

E a plebe com tara, tacapes e tambores
urrava, bramia, espumava e repetia:

“ninguém nota que é uma cela esta vida?:
mandantes, mandados, trabalho,
condução, casa e comida???”